sábado, 21 de abril de 2018

Esquerda e Direita, Saiba Mais Sobre a Origem da Relação Desses Termos com a Política

Desde o turbulento evento denominado Revolução Francesa (1789-1815), o qual, de acordo com alguns historiadores, inaugurou a Idade Contemporânea, os conceitos de direita e esquerda fazem-se presentes nos debates políticos e ideológicos, sobretudo no mundo ocidental. Neste texto, procuraremos explicitar a relação desses conceitos com a ambiência revolucionária da França, bem como a identificação que um e outro passaram a ter, a posteriori, com as posições políticas conservadoras e/ou liberais (direita) e progressistas e/ou revolucionárias.

Durante o processo revolucionário começado em 1789, na França, os Girondinos, considerados mais moderados e conciliadores, ocupavam o lado direito da Assembleia, enquanto os Jacobinos, mais radicias e exaltados, ocupavam o lado esquerdo. Essa é a origem da nomenclatura política que categoriza os posicionamentos políticos no interior dos sistemas políticos contemporâneos.

Contudo, essa polarização tem suscitado inúmeros problemas e demasiadas polêmicas, sobretudo porque, a partir do século XIX, houve uma radicalização ideológica tanto de um lado quanto do outro. O desenvolvimento das ideias de autores considerados de direita, como Donoso Cortez e Charles Maurras, bem como o daqueles considerados de esquerda, como Karl Marx e Bakunin, entre outros, estimulou gerações de intelectuais, movimentos políticos e ativistas que levaram às últimas consequências a crença em sua ideologia.

Em geral, ambos os seguimentos ideológicos, seja de direita ou de esquerda, quando chegam à sua forma extrema, desenvolvem perspectivas idealizadoras com vistas à “transformação do mundo”. Essa perspectiva utópica tem seus fundamentos, tanto na direita quanto na esquerda, na secularização das expectativas apocalípticas cristãs, que, no sentido original, tinham por meta aguardar a segunda vinda de Cristo e o juízo final.

Com o advento do mundo moderno, tais expectativas transferiram-se para o domínio terreno e, grosso modo, para a ação política e seu principal agente de transformação, o Estado. Os ideólogos de esquerda pretendem aperfeiçoar o mundo por meio de políticas que instaurem a justiça social, ou o igualitarismo, ou a socialização dos meios de produção econômica, ou qualquer outra ação que remeta à ideia de igualdade. Já os ideólogos de direita pretendem perfectibilizar o mundo a partir de uma perspectiva idealizada do passado e da tradição, de valores nacionais ou religiosos. Cada qual dos lados, em diversos momentos da história (sobretudo no século XX), empenhou-se até a barbárie para fazer valer sua visão ideológica de mundo.

Contudo, essa divisão pode limitar a compreensão de perspectivas mais complexas sobre a política. Geralmente, a alcunha “direitista” é aplicada sem muita acuidade crítica ao pensamento conservador. Do mesmo modo, a alcunha de “esquerdista” é aplicada às reflexões e propostas progressistas. E ambos, conservadores e progressistas, não raro, associam-se com liberais. É o caso, por exemplo, de quem defende ideias progressistas, como o aborto, políticas de cotas etc., mas defende a liberdade econômica, isto é, livre mercado, livre concorrência etc.; ou, ao contrário, quem defende política antiaborto, política contra as cotas e contra programas sociais fomentados pelo Estado, mas também se ajusta, igualmente, à prática do liberalismo econômico. Do ponto de vista político e ideológico, progressistas e conservadores divergem, mas concordam, por vezes, quanto à economia. Vê-se, então, que o problema é mais complexo do que se imagina.

As raízes do pensamento conservador e progressista remontam ao século XVIII, especificamente às figuras de Edmund Burke e Jean-Jacques Rousseau, respectivamente. O primeiro é uma das principais fontes do pensamento conservador contemporâneo, e o segundo, do pensamento progressista, que se bifurca em liberais moderados, reformistas e revolucionários.


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